Coluna Luiz Nardelli

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Classe em extinção?

Jornalistas perseguidos até a morte

* Por Alceu Sperança

Cumprindo o dever de informar de quem é a culpa pela crise, jornalistas são presos, intimidados e mortos.
A detenção do jornalista Vittorio de Fillipis, do Libération, jornal com perfil de esquerda, envergonhou os franceses perante o mundo. A terra que consagrou a palavra de ordem elementar da democracia – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – é humilhada em pleno final de 2008 com uma ação policial escabrosa.
Acusado de difamação por Xavier Niel, chefe do provedor Internet Free, o jornalista foi detido “para esclarecimentos” pela polícia, que o arrancou de casa na manhã de sexta-feira, diante de seu filho de 14 anos, sendo metido numa cela e despido a pretexto de ser revistado.
Embora haja espiões e outros malandros se fazendo de jornalistas para atrapalhar projetos populares, onde quer que haja profissionais devidamente reconhecidos como tal e com atuação profissional contínua sendo vítimas de arbitrariedades governamentais, deve caber uma defesa firme de todos os que prezam pelo direito de informar e de ser informado.
Na segunda-feira passada, cerca 70 jornalistas do Sudão foram presos durante uma manifestação pacífica contra a censura realizada diante o parlamento de Cartum, a capital. Prender manifestantes pacíficos é uma coisa desumana. Se estivessem soltando bombas ou jogando coquetéis molotov, tudo bem, é desordem. Prenda-se o desordeiro.
Mas um protesto contra a censura é coisa que se faz livremente aqui, onde a censura é do patrão e do patrocinador do jornal, rádio e TV dele. Faz na China, Cuba, Inglaterra, Canadá, onde quer que haja espaço democrático para a manifestação do contraditório.
Nos “democráticos” EUA, durante a Convenção Nacional do Partido Republicano, 43 jornalistas foram detidos enquanto faziam a cobertura do evento, que aconteceu na cidade de Saint Paul, no início de setembro.
Também nos EUA, a jornalista Anne Pressly, 26, âncora de um telejornal da KATV, na cidade de Little Rock, Arkansas, foi espancada até ficar toda quebrada, morrendo em seguida no hospital.
Fica bem claro que os jornalistas despertam a ira dos governantes e dos poderosos quando afirmam que as desgraças da população são causadas por ações e omissões dos donos dos países e do mundo. Eles não suportam ser acusados de responsáveis pela crise.
Em Santa Catarina estão pondo a culpa na Natureza pela tragédia que se abateu sobre a população, quando se sabe com certeza que se trata de imprevidência das autoridades brasileiras, que não sabem traduzir impostos em obras úteis para o povo. Enquanto isso, em todo o mundo tentam responsabilizar os jornalistas por contar que o rei está, definitivamente, nu.

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